Eu vim pra trabalhar. Mas saí com
um peso no coração por deixar meu curso de Psicologia trancado por um ano.
Então, para não perder tempo e não esfriar nos estudos da minha futura carreira
(rsrsrs) fui à Universidad Autónoma de México (pública, super concorrida e bem
recomendada) e falei com a coordenadora (já comentei isso em outro post) pra
ser aluna ouvinte. Bom, passei uma semana sem aparecer lá, estava esperando me
mudar. Agora, na nova casa e devidamente instalada, fui à aula.
Os horários de aula são bem
diversos aqui (9h – 12h, 10h-13h, 17h – 20h etc) e não só na UNAM, no ITAM
também é assim. Cheguei antes da aula de 10h pra procurar a sala. Com os
horários na mão, contendo lista de professores, disciplinas e respectivas
salas, me dirigi à sala onde deveria haver aula de “Fuentes de Información”, se
eu não me engano é do 5º semestre. Passei meia hora procurando a sala onde
seria a aula (a Faculdade de Psicologia conta com 5 blocos): minha aula deveria
ser no prédio A, mas havia um aviso na porta dizendo que seria no prédio D.
Nesse instante lembrei-me muito das aulas na faculdade de Letras na UECE, na
disciplina de “Dêixis”, quando a empolgada professora Helenice falava sobre a
falta de referente para situar alguém na comunicação. Faltava no aviso um
elemento dêitico, isto é, uma alusão ao dia, horário, professor ou disciplina no
tal bilhete. Daí eu não sabia se era do dia anterior ou do dia de hoje e não
tinha a quem perguntar ali. O bom é que nessa busca conheci o núcleo de
Pós-Graduação (de repente, daqui a alguns anos eu volto pra um mestrado ou
doutorado, quem sabe...).
Pois bem, fui à coordenação pedir
ajuda à coordenadora que me recebeu outro dia e ela me disse que a professora
dessa disciplina está doente e não pode subir escadas, então as aulas estão
ocorrendo no térreo do bloco A. Passei meia hora sentada num parapeito perto da
dita sala esperando que alguém aparecesse pra eu confirmar se ali seria a aula
da disciplina da professora Dra. Olga Bustos. Saquei um livro da pasta e fiquei
lendo enquanto esperava. Uma garota apareceu de repente me saudando.
Seguramente me confundiu com outra pessoa...rsrsrsrs Coitada! Fui discreta pra
não deixá-la ainda mais envergonhada. Ela saiu de fininho depois que eu comentei
que estava esperando alguém aparecer pra tal disciplina. Pouco tempo depois uma
garota entrou na sala, entrei atrás dela e confirmei que ali seria a aula. Ufa!
A aula que deveria começar às 10h está ocorrendo às 11h, devido ao estado
debilitado da professora.
Antes da aula começar... |
A professora está trabalhando
análises de filmes e documentários, cujo tema é violência contra a mulher em
todas as suas estâncias. Cada aluna foi descrevendo os filmes que assistiu e
foi respondendo às perguntas sugeridas pela professora para a redação do
trabalho. Gostei muito dos filmes, anotei muitas palavras novas e expressões
que não sabia em espanhol (hihihi). No final, depois que todas já haviam
falado, a professora percebeu que faltava eu, então lhe disse que era apenas
aluna ouvinte. Ela me pediu um parecer de tudo o que eu havia ouvido, falei
resumidamente sobre o machismo (onde creio que é a gênese de tudo e
infelizmente muitas mulheres o reproduzem) e sobre o fato da violência contra a
mulher ser algo global e antigo (me lembrei que no Brasil sempre há notícias
dessa natureza) e só agora algumas delas (ou de nós, poderia dizer) estão se
apoderando de seus direitos e tornando pública sua situação. Foi um dia
internacional da mulher para lamentar a condição a que muitas mulheres estão
submetidas, não só pelos que as deveriam amar, respeitar e proteger, como
também pela cumplicidade da sociedade e das autoridades que ignoram todo esse
caos. A professora relembrou o motivo da existência desse dia (morte de 149
trabalhadoras nos EUA, queimadas em seu próprio local de trabalho porque
reivindicaram igualdade de horas de trabalho em relação aos seus colegas
homens) e houve uma discussão sobre a contribuição da sétima arte (filmes e
documentários) para esse tema delicado e recorrente do desrespeito à mulher.
No final da aula, me aproximei da
professora e lhe pedi o e-mail da turma e a senha pra poder ter acesso a textos
e trabalhos. Ela não só me deu o e-mail do grupo, como o dela, seu telefone e
anotou meu nome na lista de chamada. Pedi pra fazer esse mesmo trabalho, se ela
o receberia, ela disse que com muito prazer, então comentei que o filme “O
segredo dos seus olhos” (produção argentina com a participação do
talentosíssimo Ricardo Darín) trata esse tema, ela me disse que era uma ótima
escolha. Uma colega me emprestou seu caderno com as perguntas que a professora
sugeriu e anotei tudo.
Saí satisfeitíssima da minha
primeira aula e já com trabalho a fazer. O bom é que aprendo vocabulário
escutando eles e agora vou ter um acompanhamento da escrita na língua
espanhola. Perfeito!!!
Foi a maneira que encontrei de
não ficar enferrujada em produção acadêmica. E como disse minha amiga Sandra,
vou poder ter contato com minhas duas paixões - espanhol e Psicologia - ao
mesmo tempo.
Bem, isso é tudo, amigos, até a
próxima.
Bjoks.
No hay comentarios:
Publicar un comentario