martes, 4 de febrero de 2014

Palácio de Belas Artes


Eu já tinha batido foto dessa fachada diversas vezes, mas nunca tinha visto uma exposição ou acompanhado um guia num tour pela arquitetura desse monumento emblemático da capital mexicana. No domingo, 19 de janeiro, fui com uma galerinha bem bacana (brasileiros, mexicanos e uma peruana) ao Palacio de Bellas Artes para finalmente conhecer sua história e importância arquitetônica e política.  


O Palacio de Bellas Artes foi encomendado pelo presidente Porfirio Díaz para celebrar o centenário da Independência do México. Hoje, depois do bicentenário, é um símbolo, um verdadeiro monumento de perfeição y beleza de Independência y Liberdade.

O inicio da construção foi el 2 de Abril de 1904. A construção foi suspensa y retomada várias vezes durante 30 anos. O Palácio foi finalmente inaugurado em 29 de setembro de 1934, com a exibição de La verdad sospechosa de Juan Ruiz de Alarcón, pelo então presidente do México Abelardo L. Rodríguez.

O projeto de construção e design ficou a cargo do arquiteto italiano Adamo Boari. As mudanças de estilo ocorreram devido ao longo tempo de construção. Foi inicialmente projetado para ser um edifício neorrenacentista com una importante influência da art nouveau, terminou como um edifício com elementos art déco y figuras alusivas à arte pre hispânica, próprias do nacionalismo que dominou a cultura mexicana até os anos 60 do século XX. 

É interessante observar os elementos escondidos, que um visitante (e até mesmo os próprios mexicanos que passam em frente diariamente) não nota. Figuras gregas na fachada, que tem significados particulares... Dentro tudo tem uma razão de ser: a disposição do piso, os vitrais, as cores do mármore da fachada (branco) e do mármore do interior (amarronzado), o que demonstra uma mudança drástica de escola artística e de arquiteto responsável pela obra, nota-se claramente que foi realizada por pessoas e épocas diferentes. 

El Palacio de Bellas Artes a mediados del siglo XX. Vista general.
Foto: José Verde Oriva. AFMT, IIE-UNAM.
O palácio tem 52 m de altura e conta com obras dos muralistas mexicanos mais destacados: David Alfaro Siqueiros, Diego Rivera, José Clemente Orozco e tem 4 andares dedicados às Belas Artes, mais um andar subterrâneo de estacionamento. Uma das salas del Palacio de Bellas Artes que mais se destaca tem capacidade para 2257 personas e o cenário, 24 metros de largura. 

Atualmente o Palacio de Bellas Artes é considerado o Teatro Lírico mais relevante da República Mexicana e o Centro de Belas Artes do México, em todas suas expressões e estilos. Além de ter sido declarado Monumento Artístico em 1987 pela UNESCO.

Por decreto de Álvaro Obregón, o Teatro Nacional ampliou suas expectativas e pode-se dizer que abriu a possibilidade de se tornar o atual Palacio de Bellas Artes, com museu, biblioteca, salões de conferências etc. 
Interior de la Sala de Espectáculos del Palacio de Bellas Artes a mediados del siglo XX. Vista hacia el escenario con la cortina roja hoy convertida en cojines. Foto: José Verde Oriva. Archivo Fotográfico “Manuel Toussaint” (AFMT), Instituto de Investigaciones Estéticas, UNAM (IIE-UNAM).














Um dado preocupante é que o prédio está afundando mais rápido que o resto da cidade (1 cm por ano), e isso se pode observar desde 1907, hoje está vários metros abaixo do nível da rua. É provável que isso se dê pelo peso do edifício (estrutura de ferro e mármore dentro e fora). No entanto, apesar de um terremoto (o mais catastrófico em 85) e um centenário permanece em estado perfeito. 

O Palacio de Bellas Artes é a sede do Museu Nacional de Arquitetura, assim como o Museu Nacional do Palacio de Bellas Artes.


Maquete do Palácio




Mármore do interior
Uma das cúpulas.
O Palacio de Bellas Artes de México 
conta com várias salas de exposições 
permanentes e temporais,
como a da artista franco-americana Louise Bourgeois. 

Essa francesa que se naturalizou estadunidense tem uma obra bastante complexa e expressiva. Basicamente, ela retrata seus traumas e medos em seus quadros e esculturas.

Na figura ao lado, as esculturas retratam seu medo de gerar filhos. Bourgeois acreditava que na vida todos estamos sozinhos e que não era capaz de dar amor à uma criança porque havia perdido sua mãe ainda muito nova (perdeu a mãe aos 28 anos), segundo ela. Só para constar, ele teve 3 filhos. Aí você me pergunta: "Como uma pessoa que tinha medo de gerar de filhos pariu 3?". Fiz essa pergunta ao guia e ele me disse que só ela poderia responder isso. O último filho ela manteve na barriga por mais tempo que o devido e o menino nasceu com uma leve retardo, quase um altismo. Ele culpava a mãe por sua situação e era bastante infeliz, como ela retrata nessa escultura. Deitado na cama e a pessoa no canto direito da foto inferior está seu filho sofrendo pelas consequências do ato egoísta de sua mãe. Ela o manteve porque, segundo ela, somente nessa fase da vida não estamos sozinhos, somos parte de alguém, nossa mãe. 

 

 Bourgeois se sentia muito aprisionada e solitária embora tenha se casado e tenha tido 3 filhos. Na figura à esquerda ela representa a si mesma como uma aranha que tece (muitas de suas esculturas são feitas com tecido), mas que acaba se mesclando com o tecido da própria poltrona. Nota-se um ar de depressão e desencantamento pela vida. Embora sua obra seja marcante, ao mesmo tempo entristece o espectador pela sucessão de situações ruins na vida da artista francesa. Saí da exposição feliz porque não sou um gênio. Acho que os ignorantes são os mais felizes!!!!

A obra de Bourgeois foi marcada pela Psicanálise. 
Foi um domingo de reflexão e gratidão a Deus porque nao sou infeliz como essa pobre mulher foi.
Bjoks e até a próxima. 


Referências: 
http://www.esteticas.unam.mx/revista_imagenes/inmediato/inm_fernandez01.html
http://bellasartes.tv/HISTORIA.html








No hay comentarios:

Publicar un comentario