Hoje acordei 4h45 da manhã, saí de casa por volta das 5h30. O ar frio secava a garganta enquanto eu caminhava até a passarela do Periférico Sur, em Pedregal, onde estou morando até o fim do mês. Caminhei cerca de 15 min. A cidade ainda estava acordando, mas já havia muita gente com suas barraquinhas de comida abertas para atender os trabalhadores que paravam para lanchar.
Fiquei um pouco receosa, porque apesar da grande quantidade de carros que passavam, as calçadas tinham sombras, por causa das árvores e havia poucos transeuntes, a maioria, homens. Me dava um frio na espinha cada vez que um deles cruzava o olhar comigo.
Tomei o ônibus rumo à rua Barranca del muerto pra me encontrar com um funcionário da escola onde trabalho e ele me acompanhar até a empresa onde eu deveria dar a aula. Ele me levou ao metrô de Barranca del muerto. Ele andava rápido, eu nem tinha tomado café (não deu tempo), fiquei um pouco tonta à medida que fomos descendo os 3 andares subterrâneos do metrô. Finalmente conheci o metrô da Cidade do México! Parecia cena de filme antigo, embora as instalações sejam modernas. Depois que descemos na estação de Tacubaya seguimos caminhando cortando uma feira livre. O sol ainda não tinha dado as caras! Pegamos um táxi compartilhado (nessa área as pessoas rateiam a corrida, já que os ônibus estão lotados e demoram a passar nesse horário) e descemos na empresa.
Eu havia caminhado bastante, já estava quase sem fôlego, devido a rapidez com que andava meu "guia". "Quase botei os bofes pra fora!" (rsrs) Então, depois de algumas burocracia para adentrar a empresa (detector, preenchimento de ficha, credencial de visitante) chegamos à recepção e fui conduzida à sala de aula para ministrar o curso de português básico aos ilustres desconhecidos.
O grupo tem uma média de idade de 40 anos. Mulheres e homens de diferentes profissões (química, secretaria, marketing, advocacia, publicidade, psicologia, recursos humanos etc) que estavam ali dedicando suas 7h da manhã ao estudo da minha língua. Inicialmente quando os vi chegar pensei que seria uma turma séria e complicada. Talvez pelas roupas formais deles. Mas não, eles ficaram completamente abertos ao conteúdo, a mim como professora, riram de algumas peripécias que contei em relação às confusões entre português e espanhol, participaram ativamente da aula. Seus olhos brilhavam! Isso é o que vale a pena depois de tantos perrengues pra chegar até ali. Mesmo sendo jovem e com pouco tempo na profissão (cerca de 4 anos) é possível se emocionar fazendo o que se gosta. É claro que uma turma motivada contribui bastante para o êxito de ambos as partes. Fiquei contente no fim da aula quando alguns deles vieram tirar dúvidas e disseram que gostaram da aula. Tem coisas na vida que não tem preço.
Ninguém me diga que escolher uma profissão que dá muito dinheiro é mais importante por conta da estabilidade e blá-blá-blá. Não há nada melhor do que se sentir à vontade contribuindo para o crescimento de alguém (em diferentes âmbitos, não só em relação ao conhecimento, pois o professor é muito mais que um repassador de conteúdo), se permitindo ser tocado e aprender com os alunos. Nada substitui essa paz!
Existem limitações, é claro, como em toda profissão, mas a recompensa é muito maior, pode ter certeza.
Ninguém me diga que escolher uma profissão que dá muito dinheiro é mais importante por conta da estabilidade e blá-blá-blá. Não há nada melhor do que se sentir à vontade contribuindo para o crescimento de alguém (em diferentes âmbitos, não só em relação ao conhecimento, pois o professor é muito mais que um repassador de conteúdo), se permitindo ser tocado e aprender com os alunos. Nada substitui essa paz!
Existem limitações, é claro, como em toda profissão, mas a recompensa é muito maior, pode ter certeza.
Dedico esse post a todos os que me ensinaram e que aprenderam comigo, nas aulas ou na vida cotidiana. Meu muito obrigada! Bjos.
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